A forte alta dos contratos futuros de petróleo e a disparada do dólar, juntamente com a piora dos indicadores macroeconômicos para as compahias aéreas, fizeram com que os papéis da Azul (AZUL4) fechasse o pregão de ontem com queda de 10%, as ações da concorrente GOL cairam 3,36%, fechando em R$ 1,44.
O barril de Brent acumula alta de 18% no ano, em grande parte pelo acirramento dos conflitos e guerras, 40% dos custos operacionais são atrelados ao querosene de aviação (um derivado do petróleo) em que refinarias são alvos frequentes. Se o preço do combustível aumenta, o lucro das companhias aéreas diminui, já o dólar, chegou a máxima de R$ 5,15, fechando em R$ 5,12, com alta de 0,6%.
A situação se agrava com os juros altos por mais tempo no exterior, fazendo com que a queda da Selic fique limitada, o que provoca reajuste em toda a curva de futuros.
As ações de companhias aéreas a longo prazo são geralmente de risco sistêmico e estrutural, onde a história nos mostra muitas companhias que acabaram falindo, como por exemplo a Varig, que faliu em 2006, Vasp em 2005, Transbrasil em 2001, Nordeste Linhas Aéreas, em 1995, e outras diversas companhias aéreas regionais menores, que também faliram ao longo dos anos devido a uma variedade de razões macroeconômicas, gestão, dívidas, questões trabalhistas, concorrência acirrada, altos custos operacionais, instabilidade do mercado, etc.
A indústria da aviação é altamente competitiva e sujeita a flutuações econômicas, o que pode resultar em dificuldades financeiras para algumas empresas, especialmente aquelas com má gestão ou que não conseguem se adaptar às mudanças do mercado, no entanto, algumas razões específicas podem contribuir para as dificuldades enfrentadas pelas companhias aéreas no país:
Custo Operacional Elevado: As companhias aéreas enfrentam altos custos operacionais, incluindo combustível, manutenção de aeronaves, taxas aeroportuárias e tarifas de navegação. No Brasil, esses custos podem ser ainda mais elevados devido à infraestrutura aeroportuária inadequada, burocracia, impostos e regulamentações governamentais.
Competição Acirrada: O mercado de aviação no Brasil é altamente competitivo, com várias companhias aéreas lutando por uma fatia do mercado. Isso pode levar a uma guerra de preços e margens de lucro apertadas, o que pode ser insustentável para algumas companhias aéreas, especialmente as menores e menos capitalizadas.
Flutuações Econômicas: A economia brasileira é suscetível a flutuações econômicas, incluindo recessões e instabilidade financeira. Isso pode afetar a demanda por viagens aéreas, levando a uma queda nas receitas das companhias aéreas.
Custos Trabalhistas Elevados: As companhias aéreas no Brasil frequentemente enfrentam custos trabalhistas elevados devido a acordos sindicais, benefícios dos funcionários e regulamentações trabalhistas. Isso pode aumentar significativamente os custos operacionais das companhias aéreas e impactar sua viabilidade financeira.
Regulamentação Governamental: A regulamentação governamental no Brasil pode ser complexa e onerosa para as companhias aéreas, com requisitos de segurança, manutenção, licenciamento e conformidade. Esses regulamentos podem adicionar custos adicionais e burocracia às operações das companhias aéreas.
Instabilidade do Mercado: A indústria da aviação é suscetível a mudanças rápidas e imprevisíveis no mercado, incluindo flutuações nos preços do petróleo, desastres naturais, eventos geopolíticos e crises de saúde global, como a pandemia de COVID-19, que podem afetar drasticamente as operações e finanças das companhias aéreas.
História da Azul Linhas Aéreas
A Azul Linhas Aéreas foi fundada em 2008 pelo empresário David Neelman, nascido no Brasil e criado nos Estados Unidos. Focada em rotas regionais, a partir do aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), a Azul rapidamente conquistou mercado e consumidores, atingindo um milhão de passageiros já no ano seguinte à sua fundação.
Após incorporar a Trip, passou a ser a terceira companhia aérea do Brasil em número de passageiros. Faz mais de 800 decolagens diárias e atende a mais de 100 destinos em todo o território nacional e Exterior, com uma frota de cerca de 140 aeronaves.
Numa operação comemorada pelo mercado, a Azul abriu seu capital em 2017, com IPO de US$ 643 milhões.
Em 2019, a Azul conquistou outro marco ao receber espaços para pousos e decolagens (slots) que pertenciam à Avianca. A empresa passou a operar no Aeroporto de Congonhas, o terminal doméstico mais importante do Brasil. É de lá que entra na rota mais disputada e lucrativa do mercado aéreo nacional, a ponte aérea Rio-São Paulo.